ENCOURAÇADO RIACHUELO 1883-1910
Em abril de 1880 o então Ministro da Marinha, Almirante José Rodrigues de Lima Duarte, apresentou um relatório à Assembléia Legislativa sobre a urgência de se modernizar a Marinha Imperial, com a adoção de então modernos navios encouraçados. A intenção do Almirante era a de adquirir duas dessas embarcações junto a estaleiros britânicos, e desse modo, foram encomendados os encouraçados Riachuelo e Aquidabã.
O encouraçado foi construído pelos estaleiros Samuda & Brothers, na Grã-Bretanha. A sua quilha foi batida a 31 de agosto de 1881, tendo sido lançado ao mar a 7 de junho de 1883 e incorporado à Armada Imperial Brasileira a 19 de novembro de 1883. O seu primeiro comandante foi o Capitão-de-Mar-e-Guerra Eduardo Wandenkolk - mais tarde Primeiro Ministro da Marinha após a Proclamação da República Brasileira.
Assim que chegou ao Brasil, tendo aportado ao Rio de Janeiro, então Capital do Império, no dia 13 de novembro de 1883, a embarcação foi subordinada à Esquadra de Evoluções, sob o comando do Almirante Barão de Jaceguai, entre os anos de 1884 e 1885. A Comissão Naval designada para acompanhar a construção e receber ambos os encouraçados foi presidida pelo Contra-Almirante José da Costa Azevedo, assessorado pelo Engenheiro Naval Trajano de Carvalho.
Quando foi proclamada a República, o Riachuelo, sob o comando do então Capitão de Corveta Alexandrino Faria de Alencar, foi designado para escoltar, até à linha do Equador, o Vapor Alagoas, que conduziu a Família Imperial Brasileira para o exílio na Europa.
Em 14 de janeiro de 1890, partiu do Rio de Janeiro para Buenos Aires, conduzindo o Ministro Quintino Bocaiúva, encarregado de assinar o Tratado de Limites firmado com a República Argentina, por força de arbitragem, de que foi mediador o Presidente dos Estados Unidos da América do Norte.
Comandado pelo CMG João Justino Proença, a 9 de agosto de 1893 seguiu para Europa a fim de ser remodelado nos estaleiros de Forges et Chantiers de la Mediterranée, em Toulon. A modificação mais evidente, foi a substituição da mastreação em barca por um único mastro de combate.
Em 19 de junho de 1894, foi assinado a bordo, no porto de Toulon, um contrato entre o Governo Brasileiro e o engenheiro Claude Goubet, para construção de um submarino de sua patente, no que seria a primeira tentativa do Brasil em possuir um navio desse tipo. Entre as curiosidades desse contrato, constava que esse submarino de 8 metros de comprimento, teria sua guarnição composta por um oficial e dois praças do Riachuelo. Esse projeto não veio a se concretizar, pelo não cumprimento do contrato por parte do construtor.
Voltou ao Brasil novamente como nau capitânia da Esquadra e, em 1900, liderou um grupo na tarefa de levar o presidente Campos Sales em visita oficial à Argentina, acompanhado pelos cruzadores Barroso e Tamoio. Esse trio ficou conhecido como Divisão Branca, uma vez que os seus navios foram pintados dessa cor, especialmente para essa comissão.
Em 1907 realizou a sua última missão importante, conduzindo a bordo a Comissão Naval Brasileira, presidida pelo Contra-Almirante Huet de Bacellar, designada para acompanhar a construção e receber os novos encouraçados encomendados dentro do Plano Naval de 1906: o Encouraçado Minas Gerais e o Encouraçado São Paulo.
Após o recebimento dos novos encouraçados, o Riachuelo foi desativado em 1910, e seguindo de reboque para um desmanche na Europa. Afundou, porém, antes de chegar ao seu destino final, descansando no único túmulo digno para qualquer navio de guerra, o fundo do mar.
Forte do Leme em Angra dos Reis foi inaugurado no dia 14 de outubro de 1911, o Forte foi construído pelo engenheiro militar, Capitão Rosalvo Mariano da Silva. Os canhões do tipo Armstrong calibre 225 mm, que pertenceram ao Encouraçado Riachuelo (fora de operação desde 1910), nunca lançaram balas desde que foram instalados no Forte.
Canhão do Riachuelo no Forte do Leme em Angra dos Reis |
O Riachuelo tinha como características gerais:
Comprimento: 93,33 metros
Boca: 17,16 metros
Calado: 5,60 metros
Deslocamento: 5.029 toneladas
Potência: 4.500 hps
Velocidade máxima: 16 nós
Raio de ação: 6.000 milhas náuticas, a 10 nós
Armamento:
Principal: 4 canhões de 225 mm montados em duas torres
Acessório: 4 canhões de 140 mm, 11 metralhadoras de 25 mm, 5 metralhadoras de 11 mm e 5 tubos lança-torpedos
Tripulação: 367 homens
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