PRÍNCIPE DE ASTURIAS 1914-1916
Transatlântico Príncipe de Asturias |
Por um pequeno instante um relâmpago iluminou o mar à frente da cabine de comando, revelando quão próxima a embarcação estava dos rochedos.
Temida Ponta de Pirabura. O túmulo de mais de 14 naufrágios |
Capitão Jose Lotina o segundo da esquerda para direita na primeira fileira |
Ilustração do naufrágio do Príncipe de Asturias |
fazendo escalas em Cádiz, Ilhas Canárias, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéo, com duração de 30 dias. Com mais de 140 metros de comprimento, tinha instalações luxuosas para os passageiros de primeira classe, mas podia levar 1.300 passageiros, se fossem incluídos os alojamentos disponíveis nos porões do navio.
Naquela trágica viagem, dezenas de abastadas famílias europeias fugiam para a América do Sul, buscando a tranquilidade que era impossível na Europa no auge da Primeira Guerra Mundial.
A Europa na Primeira Guerra Mundial |
Em 1956 foi realizada uma grande expedição, que construiu uma base de operações na Ponta de Pirabura. Mal planejada, usou explosivos para tentar recuperar o conteúdo dos porões A operação estragou o navio e não cumpriu seus objetivos
Base de operações em 1956 em uma grande expedição |
Ao lado Estátua recuperada do Príncipe de Astúrias que seria usada em Monumento Argentino
Hoje está exposta na Ilha das Cobras - RJ
Ao lado direito, Monumento "La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas"
O Príncipe de Astúrias levava as estátuas que seriam usadas em sua construção
Foi inaugurado apenas em 1927, depois de inúmeros contratempos
Os argentinos o consideram "amaldiçoado"
Outra lenda conta que não eram somente 578 os passageiros daquela viagem, e sim uma carga extra de mais de 1.200 pessoas que fugiam da guerra na Europa, espremidas nos porões do navio. Se isto for verdade, o Príncipe de Astúrias seria não o segundo maior naufrágio da América, mas o primeiro, superando o Titanic. Sobreviventes do naufrágio deram declarações lamentando a morte das centenas de "clandestinos" que haviam embarcado na cidade espanhola de Cádiz.
Porém, as lendas e histórias contadas pelos sobreviventes e caiçaras são ainda mais assustadoras.
.Foto histórica de alguns dos sobreviventes, já em Santos-SP
Resgatados pelo navio inglês VEGA
Depois da tragédia, os corpos de centenas de passageiros começaram a chegar às praias, principalmente na Baia de Castelhanos em Ilhabela e na Praia Grande de Ubatuba, esta última situada a mais de 40 km de distância da Ponta de Pirabura, levados pelas fortes correntes marítimas.
Na manhã após a tragédia, a bela Baia de Castelhanos estava repleta de cadáveres
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Alguns dos caiçaras que habitavam a região, ao perceberem que muitos dos cadáveres apresentavam traços inconfundíveis de riqueza, começaram a saquear os corpos, retirando roupas, jóias, carteiras com dinheiro, relógios e qualquer outro acessório que pudesse ter algum valor.
Os cadáveres eram pilhados de todos os objetos de valor
Até os dedos eram cortados para facilitar a retirada dos anéis
(ilustração de Alexx Doeppre para documentário sobre o tema)
Os dedos inchados pela água do mar eram cortados, pois assim ficava mais fácil a retirada das jóias, e depois os restos mortais eram enterrados em covas rasas na própria praia, ou então queimados em sinistras fogueiras.
Os cadáveres pilhados eram queimados em sinistras fogueiras
(ilustração de Alexx Doeppre para documentário sobre o tema)
Alguns dos cadáveres que foram enterrados foram mais tarde desenterrados para uma última confirmação de que não havia sobrado nenhum artigo de valor.
Quanto ao Capitão José Lotina e Primeiro Oficial Imediato Antônio Salazar, ao constatarem o inevitável naufrágio, decidiram dar cabo a suas vidas com um tiro na cabeça. Seus corpos nunca foram encontrados.
Jornal de 1916 |
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